Jornal O Estado de S. Paulo, 03/06/13:
Não haverá milagre que faça a educação brasileira dar o salto necessário para colocar o País entre os mais desenvolvidos do mundo se não forem superados os entraves básicos, a começar pela infraestrutura das escolas.
O
retrato de décadas de descaso, em que a construção de boas escolas não passou
de mera promessa em sucessivas campanhas eleitorais, está num levantamento
divulgado pelo movimento Todos pela Educação, segundo o qual 44,5% dessas
unidades dispõem somente do mínimo para seu funcionamento, isto é, água,
banheiro, energia, esgoto e cozinha. Não têm biblioteca, quadra de esportes e
laboratório, itens considerados necessários para que o aprendizado se
desenvolva de modo satisfatório. Apenas 0,6% dos estabelecimentos pesquisados
têm estrutura completa. É um quadro desalentador.
Com
isso, foi feita uma escala de categorias de infraestrutura que considera as
diferentes etapas de aprendizado. A categoria "elementar" é aquela do
mínimo necessário. Já na categoria "básica", além de água e esgoto e
energia elétrica, incluem-se aparelhos de TV e DVD, computadores, impressoras e
sala da diretoria. O nível "adequado" demanda a presença de tudo isso
mais acesso à internet, sala de professores, biblioteca e espaços para o
desenvolvimento motor e o convívio social dos alunos.
No último nível, o das escolas "avançadas", aparecem também laboratório de ciências e estrutura para atender alunos com necessidades especiais. Para os pesquisadores, esse é o cenário considerado "mais próximo do ideal" - e que é quase inexistente na rede educacional do País.
O mérito dessa pesquisa é mostrar que a precariedade das escolas, tanto públicas quanto privadas, é um problema generalizado. Girlene Ribeiro de Jesus, da Universidade de Brasília, que participou do trabalho, disse que, por mais que esperassem resultados ruins, os pesquisadores se chocaram com a quantidade de escolas classificadas no nível "elementar".
No último nível, o das escolas "avançadas", aparecem também laboratório de ciências e estrutura para atender alunos com necessidades especiais. Para os pesquisadores, esse é o cenário considerado "mais próximo do ideal" - e que é quase inexistente na rede educacional do País.
O mérito dessa pesquisa é mostrar que a precariedade das escolas, tanto públicas quanto privadas, é um problema generalizado. Girlene Ribeiro de Jesus, da Universidade de Brasília, que participou do trabalho, disse que, por mais que esperassem resultados ruins, os pesquisadores se chocaram com a quantidade de escolas classificadas no nível "elementar".
As
diferenças regionais são ainda mais graves. Na Região Norte, 71% das 24 mil
escolas têm infraestrutura apenas "elementar". No Nordeste, o
porcentual é de 65,1%, enquanto no Sudeste é de 22,7%, no Sul é de 19,8% e no
Centro-Oeste, de 17,6%. Mesmo nas regiões mais avançadas, a maioria das escolas
encontra-se no nível "básico". No Sudeste, apenas 19,8% são
consideradas "adequadas".
Há também diferenças significativas quando se analisam as redes federal, estadual e municipal. No nível federal, a maioria das escolas (62,5%) são "adequadas" ou "avançadas". Já a maioria das escolas estaduais (51,3%) está na categoria "elementar", enquanto 62,8% das escolas municipais encontram-se nas categorias "elementar" e "básica". É na esfera municipal, aliás, que o problema parece mais acentuado, pois é nessa rede que se concentram quase 100% das escolas que estão mais próximas do piso da categoria "elementar".
Há também diferenças significativas quando se analisam as redes federal, estadual e municipal. No nível federal, a maioria das escolas (62,5%) são "adequadas" ou "avançadas". Já a maioria das escolas estaduais (51,3%) está na categoria "elementar", enquanto 62,8% das escolas municipais encontram-se nas categorias "elementar" e "básica". É na esfera municipal, aliás, que o problema parece mais acentuado, pois é nessa rede que se concentram quase 100% das escolas que estão mais próximas do piso da categoria "elementar".
O
estudo também confirma a percepção de que a precariedade estrutural das escolas
é um problema bem mais acentuado no campo do que na cidade. Das escolas da zona
rural, 85,2% estão no nível "elementar", ante 18,3% nas áreas
urbanas. Mesmo as escolas particulares - muitas das quais são apenas
caça-níqueis espalhados pelo País - apresentam graves problemas. Nada menos que
72,3% desses estabelecimentos têm infraestrutura apenas "elementar"
ou "básica".
No momento em que se discute qual porcentual do PIB deve ser destinado à educação, é importante ter em conta quais são as reais prioridades para que se alcance a tão almejada revolução educacional - e é evidente que as condições materiais das escolas desempenham nela um papel crucial.
No momento em que se discute qual porcentual do PIB deve ser destinado à educação, é importante ter em conta quais são as reais prioridades para que se alcance a tão almejada revolução educacional - e é evidente que as condições materiais das escolas desempenham nela um papel crucial.
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